domingo, 12 de agosto de 2012

Ska


Falar de Ska na minha opinião é uma tarefa muito boa e satisfatória de se fazer, já que é o primeiro ritmo legitimamente Jamaicano, e por ter inúmeras facetas e um belo apanhado de boas músicas e bons instrumentistas e por ter sido verdadeiramente a cara da ilha no inicio dos anos 60, muitos desses músicos em sua maioria jovens que viviam nos guetos da Jamaica e em outros partes da ilha tiveram sua primeira experiência com a música já no inicio dos anos 60 e com o Ska, por possuir uma batida rápida e envolvente o género musical teve logo repercução entre a população e logo virou febre nos sound systems da época. Combinando elementos caribenhos como o mento e o calipso e americanos como o Jazz, jump blues e rhythm and blues, o Ska foi então o precursor do Rocksteady e do Reggae, suas letras trazem sinais de insatisfação, abordando temas como marginalidade, discriminação, a vida dura da classe trabalhadora, e acima de tudo a diversão em harmonia, pois o Ska também era uma música muito auto astral.
Os produtores pioneiros e mais importantes da Jamaica, Duke Reid e Clement "Coxsone" Dodd, viajavam assiduamente aos Estados Unidos em busca de novos discos gravados por lá, na época estava estourado o Jazz e o Rhythm and blues e era basicamente esse som que eles tocavam na época, entre os dois existia uma forte e conhecida concorrência, já que ambos eram donos de sound systems, que eram caminhões equipados com microfones e alto-falantes usados para fazer festas na rua, reza a lenda que a rivalidade entre os dois produtores era tão grande que chegou ao ponto de um mandar sabotadores às festas que o outro organizava para tentar de qualquer forma acabar com a noite de música e consequentemente o prestígio do mesmo.
Esses sistemas de som criado por Duke Reid, Clement “Coxsone”Dodd e Prince Buster, foi feito para atender à demanda da música americana que ecoava a ilha nos anos 50 e começo dos anos 60 antes de a Jamaica obter méritos musicais com artistas oriundos da própria ilha, artistas de R&B bastante ouvidos nos anos de 1950 na Jamaica eram Fats Domino e Louis Jordan entre outros. Foi o jump blues a primeira explosão comercial do R&B nos anos de 1940 através de Louis Jordan, antes ainda do rótulo rhythm and blues (R&B) ser criado por Jerry Wexler em 1948, o jump blues é conhecido como o antigo rock'n'roll, e os elementos de jazz presentes no Ska se devem também a ele, já que o estilo era uma fusão de blues, boogie woogie e big band do swing, uma forte variante do jazz.
Quando o R&B e jump blues saíram de moda nos Estados Unidos devido à invasão do rock'n'roll, houve uma importação massiva de discos para a Jamaica, obrigando os produtores locais a buscar uma solução, já que os discos que eles traziam deixaram de ser raridade. A solução do problema foi produzir suas próprias gravações com músicos locais, ou seja, versões próprias do R&B, que saiam com o swuing jamaicano daí então ouve R&B e Jazz feito pelos jamaicanos transformou-se no revolucionário Ska que na ocasião foi conhecido como Jamaican Blues, essa versão pode ser considerada as primeiras formas do ritmo, mas existem outras versões de como o Ska foi inventado, uma bem conhecida é a que tem Cecil Campbell (Prince Buster) como protagonista, conta-se que ele pediu ao seu amigo Jah Jerry (que mais tarde tocaria nos The Skatalites) que compassasse o ritmo do R&B, fato que deu como resultado o famoso som de guitarra na off-beat, que todos conhecemos como batida do Ska ou Ska upstroke. O autor da palavra ska foi o baixista Cluet Jonhson, que saudava todos os seus amigos dizendo "Hey Skavoovee". Além disso, a pronúncia da palavra assemelha-se ao som produzido pela guitarra da guitarra.
         Uma das primeiras canções de Ska gravada foi "Easy Snappin" do pianista Theophilus Beckford em 1959, mas não era conhecido ainda como Ska, ano correspondente à primeira tiragem produzida por Coxsone no Federal Studios, a banda que acompanhou o pianista era formada entre outros por Cluet Jonhson e Roland Alphonso que depois faria parte dos Skatalites. O maior sucesso de toda a história do ska foi "My Boy Lollipop" de Millie Small, adaptada ao estilo por Ernest Ranglin. A versão original era cantada por Barbye Gaye. Vendeu 7 milhões de cópias ao redor do mundo e possibilitou ao Ska poder ascender a outros países.
The Skatalites foi uma das primeiras bandas de Ska, levando na bagagem o titulo de criadores do ritmo, formada oficialmente em 1963 fazendo sua primeira apresentação em um festival no Hit-Hat Club em 1964, após o festival a banda gravou seu primeiro álbum Ska Authentic, eles então começaram a viajar pelo país fazendo shows e acompanhando diferentes cantores, dentre os quais Jackie Opel, Lord Tanamo e Laurel Aitken.
Depois do sucesso da cantora Millie Small com "My Boy Lollipop", realizou-se um festival para uma televisão nos Estados Unidos intitulado This is Ska, onde tocaram ao vivo os nomes como Toots & the Maytals, Jimmy Cliff, Monty Morris, entre outros, a banda acompanhante era Byron Lee & The Dragonaires, não por que tocava melhor que os Skatalites, senão por que estes últimos eram rastafaris e sua aparência não era desejada para o público americano na época em 1964, os Skatalities conseguem por no Top Ten britânico a música "Man in the Street".
Além dos Skatalites, dentro e fora da Jamaica, também destacavam-se no começo Owen Gray, pioneiro à gravar álbum de ska, "Owen Gray Sings (1961)", e seu primeiro compacto simples Please Don't Let Me Go (1959) foi uma das primeiras canções gravadas do gênero. Também foi o primeiro a gravar um disco de Ska na Inglaterra, Darling Patricia, acompanhado por Carlos Malcom and his Afro-Jamaican Rhytms.
Laurel Aitken, nascido em Cuba, emigrou com sua família para a Jamaica quando tinha apenas onze anos de idade, sua carreira começou no fim dos anos 50 e seu repertório ia desde o boogie até o calipso, passando pelo R&B. No início dos anos 60 foi apelidado de The Godfather of Ska (o padrinho do ska) já que o single "Litle Sheila" "Boogie in my Bones" foi o primeiro sucesso Ska que se manteve no primeiro lugar durante onze semanas nas paradas de sucesso. Mudou-se para a Inglaterra, onde fundou a comunidade jamaicana de Brixton, são destacáveis seus trabalhos na época do Rocksteady e posteriormente do Skinhead Reggae, depois deste desaparecer por um tempo, infelizmente Laurel faleceu no ano de 2005 de enfarto.
Derrick Morgan, conhecido em sua época por suas loucuras, escreveu uma canção "Foward March" na qual descrevia o otimismo geral da Jamaica ao haver obtido a independência em 1962. No ápice de sua carreira manteve uma guerra midiática com Prince Buster, já que este gravou uma música insultando-o, Derrick respondeu-lhe e assim seguiram com uma sequência de canções um contra o outro. Na verdade os dois eram muito amigos e tudo havia sido uma estupenda campanha publicitária, que terminou com um festival onde cantaram os dois diante de uma multidão descontrolada. Prince Buster, trabalhava no sound system de Coxsone Dodd, que abandonou para montar seu próprio Sound, “a The Voice of the People”, tinha os melhores sons, mas nunca pôde superar a concorrência de Duke Reid. Mais tarde passou a trabalhar numa estação de rádio chamada RJR e lançou-se como produtor e posteriormente como cantor, as letras de suas músicas refletem o modo de ver a vida pelos olhos de um rude boy.
The Wailling Wailers banda que se tornaria a representante eterna do Roots Reggae que foi o ritmo mais famoso da Jamaicana, formada pelo ainda muito jovem e pouco conhecido Bob Marley, Peter Tosh e Bunny Wailer, gravaram seu primeiro single em 1962, com o título "Judge Not", isto graças a Jimmy Cliff, amigo de Bob Marley, Cliff o apresentou a Leslie Kong, um dos produtores chineses mais importantes da Jamaica, a música com a qual eles chegaram a fama foi "Simmer Down" onde a banda acompanhante era The Skatalites. O número de músicos que estavam envolvidos nesse período era realmente muito grande e vários outros cantores e bandas foram surgindo e moldando cada vez mais o ritmo feito na ilha.
 
Até a próxima!
Jah Guide!!!

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