Falar
de Ska na minha opinião é uma tarefa muito boa e satisfatória de se fazer, já
que é o primeiro ritmo legitimamente Jamaicano, e por ter inúmeras facetas e um
belo apanhado de boas músicas e bons instrumentistas e por ter sido
verdadeiramente a cara da ilha no inicio dos anos 60, muitos desses músicos em
sua maioria jovens que viviam nos guetos da Jamaica e em outros partes da ilha
tiveram sua primeira experiência com a música já no inicio dos anos 60 e com o
Ska, por possuir uma batida rápida e envolvente o género musical teve logo
repercução entre a população e logo virou febre nos sound systems da época. Combinando
elementos caribenhos como o mento e o calipso e americanos como
o Jazz,
jump
blues e rhythm
and blues, o Ska foi então o precursor do Rocksteady
e do Reggae,
suas letras trazem sinais de insatisfação, abordando temas como marginalidade,
discriminação,
a vida dura da classe trabalhadora, e acima de tudo a diversão em harmonia,
pois o Ska também era uma música muito auto astral.
Os
produtores pioneiros e mais importantes da Jamaica, Duke Reid
e Clement
"Coxsone" Dodd, viajavam
assiduamente aos Estados Unidos em busca de novos discos gravados por lá, na
época estava estourado o Jazz e o Rhythm and blues e era basicamente esse som que
eles tocavam na época, entre os dois existia uma forte e conhecida concorrência,
já que ambos eram donos de sound systems,
que eram caminhões equipados com microfones e alto-falantes usados para fazer
festas na rua, reza a lenda que a rivalidade entre os dois produtores era tão
grande que chegou ao ponto de um mandar sabotadores às festas que o outro
organizava para tentar de qualquer forma acabar com a noite de música e
consequentemente o prestígio do mesmo.
Esses
sistemas de som criado por Duke Reid,
Clement “Coxsone”Dodd e Prince
Buster, foi feito para atender à demanda da música
americana que ecoava a ilha nos anos 50 e começo dos anos 60 antes de a Jamaica
obter méritos musicais com artistas oriundos da própria ilha, artistas de R&B bastante ouvidos nos anos de
1950 na Jamaica eram Fats
Domino e Louis Jordan entre outros. Foi
o jump blues a primeira
explosão comercial do R&B nos anos de 1940 através de Louis Jordan, antes ainda do rótulo rhythm and blues (R&B) ser criado
por Jerry Wexler em 1948, o jump blues é conhecido como o antigo rock'n'roll, e os elementos de jazz presentes no Ska se devem também a ele, já que o
estilo era uma fusão de blues,
boogie
woogie e big band do swing, uma forte
variante do jazz.
Quando
o R&B
e jump
blues saíram de moda nos Estados Unidos devido à invasão
do rock'n'roll, houve uma
importação massiva de discos para a Jamaica, obrigando os produtores locais a
buscar uma solução, já que os discos que eles traziam deixaram de ser raridade.
A solução do problema foi produzir suas próprias gravações com músicos locais,
ou seja, versões próprias do R&B, que saiam com o swuing jamaicano daí
então ouve R&B e Jazz feito pelos jamaicanos transformou-se no
revolucionário Ska que na ocasião foi conhecido como Jamaican Blues, essa
versão pode ser considerada as primeiras formas do ritmo, mas existem outras
versões de como o Ska foi inventado, uma bem conhecida é a que tem Cecil
Campbell (Prince Buster) como protagonista, conta-se que ele pediu ao seu amigo
Jah Jerry
(que mais tarde tocaria nos The Skatalites)
que compassasse o ritmo do R&B, fato que deu como resultado o famoso som de
guitarra na off-beat, que todos conhecemos como batida do Ska ou Ska upstroke. O autor da palavra ska foi o
baixista Cluet Jonhson,
que saudava todos os seus amigos dizendo "Hey
Skavoovee". Além disso, a pronúncia da palavra assemelha-se ao som
produzido pela guitarra da guitarra.
Uma
das primeiras canções de Ska gravada foi "Easy
Snappin" do pianista Theophilus Beckford
em 1959, mas não era conhecido ainda como Ska,
ano correspondente à primeira tiragem produzida por Coxsone no Federal Studios, a banda que
acompanhou o pianista era formada entre outros por Cluet Jonhson e Roland
Alphonso que depois faria parte dos Skatalites. O maior sucesso de toda a
história do ska foi "My Boy
Lollipop" de Millie
Small, adaptada ao estilo por Ernest
Ranglin. A versão original era cantada por Barbye Gaye.
Vendeu 7 milhões de cópias ao redor do mundo e possibilitou ao Ska poder
ascender a outros países.
The
Skatalites foi uma das primeiras bandas de Ska, levando na bagagem o titulo de
criadores do ritmo, formada oficialmente em 1963 fazendo sua primeira
apresentação em um festival no Hit-Hat
Club em 1964, após o festival a banda gravou seu primeiro álbum Ska Authentic, eles então
começaram a viajar pelo país fazendo shows e acompanhando diferentes cantores,
dentre os quais Jackie Opel,
Lord Tanamo
e Laurel
Aitken.
Depois
do sucesso da cantora Millie Small com "My
Boy Lollipop", realizou-se um festival para uma televisão nos
Estados Unidos intitulado This is Ska,
onde tocaram ao vivo os nomes como Toots & the Maytals, Jimmy
Cliff, Monty Morris,
entre outros, a banda acompanhante era Byron Lee & The Dragonaires, não por
que tocava melhor que os Skatalites, senão por que estes últimos eram
rastafaris e sua aparência não era desejada para o público americano na época em
1964, os Skatalities conseguem por no Top Ten britânico a música "Man in the Street".
Além
dos Skatalites, dentro e fora da Jamaica, também destacavam-se no começo Owen Gray,
pioneiro à gravar álbum de ska,
"Owen Gray Sings (1961)", e seu primeiro compacto simples Please Don't Let Me Go (1959) foi uma
das primeiras canções gravadas do gênero. Também foi o primeiro a gravar um
disco de Ska na Inglaterra, Darling
Patricia, acompanhado por Carlos
Malcom and his Afro-Jamaican Rhytms.
Laurel
Aitken, nascido em Cuba, emigrou com sua família para a Jamaica quando tinha
apenas onze anos de idade, sua carreira começou no fim dos anos 50 e seu
repertório ia desde o boogie
até o calipso, passando pelo R&B. No início dos anos
60 foi apelidado de The Godfather of Ska (o padrinho do ska) já que o single "Litle Sheila" "Boogie in my
Bones" foi o primeiro sucesso Ska que se manteve no primeiro lugar
durante onze semanas nas paradas de sucesso. Mudou-se para a Inglaterra, onde
fundou a comunidade jamaicana de Brixton, são destacáveis seus trabalhos na
época do Rocksteady
e posteriormente do Skinhead
Reggae, depois deste desaparecer por um tempo,
infelizmente Laurel faleceu no ano de 2005
de enfarto.
Derrick Morgan,
conhecido em sua época por suas loucuras, escreveu uma canção "Foward March" na qual
descrevia o otimismo geral da Jamaica ao haver obtido a independência em 1962.
No ápice de sua carreira manteve uma guerra midiática com Prince Buster, já que
este gravou uma música insultando-o, Derrick respondeu-lhe e assim seguiram com
uma sequência de canções um contra o outro. Na verdade os dois eram muito
amigos e tudo havia sido uma estupenda campanha publicitária, que terminou com
um festival onde cantaram os dois diante de uma multidão descontrolada. Prince
Buster, trabalhava no sound system de Coxsone Dodd, que abandonou para montar
seu próprio Sound, “a The Voice of the
People”, tinha os melhores sons, mas nunca pôde superar a concorrência
de Duke Reid. Mais tarde passou a trabalhar numa estação de rádio chamada RJR e
lançou-se como produtor e posteriormente como cantor, as letras de suas músicas
refletem o modo de ver a vida pelos olhos de um rude
boy.
The
Wailling Wailers banda que se tornaria a
representante eterna do Roots Reggae que foi o ritmo mais famoso da Jamaicana,
formada pelo ainda muito jovem e pouco conhecido Bob Marley, Peter
Tosh e Bunny Wailer, gravaram seu
primeiro single em 1962,
com o título "Judge Not",
isto graças a Jimmy Cliff, amigo de Bob Marley, Cliff o apresentou a Leslie Kong,
um dos produtores chineses mais importantes da Jamaica, a música com a qual
eles chegaram a fama foi "Simmer
Down" onde a banda acompanhante era The Skatalites. O número de
músicos que estavam envolvidos nesse período era realmente muito grande e
vários outros cantores e bandas foram surgindo e moldando cada vez mais o ritmo
feito na ilha.
Até a próxima!
Jah Guide!!!
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