Claudius Linton é mais um dos
tantos talentos jamaicanos desperdiçados. Após gravar muitas faixas de grande
sucesso nos anos 70 e início dos anos 80, inexplicavelmente o cantor caiu no
ostracismo por um longo tempo, e justamente quando ensaiava um retorno
triunfal, veio a falecer. Sua história começou na costa norte da Jamaica, mais
precisamente em Duncan's Bay, onde ele nasceu no ano de 1941. Vindo de uma
família pobre do interior - no total eram 11 irmãos - Linton mudou-se sozinho
para a capital Kingston por volta dos 16 anos de idade, foi então que começou o
seu envolvimento com a música. Logo, o garoto do interior passou a frequentar a
famosa avenida Orange Street, onde a maioria das lojas e dos grandes artistas
se concentravam. Foi lá que Linton conheceu Cecil Hemmings, com quem formou o
grupo Angelic Brothers.
O grupo gravou apenas uma ou duas
faixas para o produtor Justin Yap do selo Top Deck, no início dos anos 60. Após
a tentativa frustrada, Linton decidiu dedicar-se mais a aprender e evoluir
musicalmente antes de voltar a se aventurar no mercado. No ano de 1972, Linton
novamente se juntou com seu antigo parceiro Cecil Hemmings e desta vez gravando
sob o nome de Hoffner Brothers, eles tiveram um relativo sucesso com a faixa
"The King Man Is Back". Após gravar mais algumas poucas faixas com o
Hoffner Brothers, Claudius Linton decidiu seguir carreira solo e, com a ajuda
de um conhecido, lançou o seu próprio selo intitulado "Lion". Porém,
Linton teve enormes dificuldades para lançar alguns singles e, sem obter muito
sucesso, o selo "Lion" acabou falindo.
Mas Linton não desistiu da música. Pelo contrário,
seguiu compondo e tocando em busca de mais oportunidades. Por volta de 1974,
ele se mudou para Ocho Rios, e decidiu lançar outro selo intitulado
"Peacemakers". Foi neste selo que Linton lançou a faixa "Backra
Masa", sua primeira música solo que teve alguma repercussão. Em 1975,
criou um novo selo intitulado "Black Star", no qual lança novamente a
faixa "Backra Masa" e o seu grande clássico, "Crying Time",
que acabou atingindo o topo das paradas jamaicanas da época.
Em seguida, Claudius Linton
lançou "Put Your Shoulder To Jah Wheel" e mais algumas faixas de
relativo sucesso e depois disso ficou alguns anos sem gravar. No início dos
anos 80 Linton também gravou duas faixas para o produtor Jack Ruby.
Passando por sérias dificuldades
financeiras e cansado de ser enganado no ramo, Linton sumiu do mercado, mas
jamais abandonou a música, porém sua história não havia acabado. Mais de 20
anos se passaram, e um encontro do acaso mudou a trajetória de Linton nos
últimos anos, para o bem e para o mal. Na praia de Negril, em meados de 2006,
Claudius Linton conheceu o produtor americano Ian Jones, após algumas horas
tocando e cantando juntos, Linton e Jones foram para um pequeno estúdio e
gravaram as duas primeiras faixas como Kingman & Jonah.
O produtor Ian Jones retornou
para os EUA e decidiu lançar uma coletânea dos singles da década de 70 e 80 de
Claudius Linton, no seu próprio selo "Sun King Records". O resultado
foi o excelente CD "Roots Master: The Vintage Roots Reggae Singles",
que trouxe o nome de Claudius Linton de volta ao cenário musical.
Em 2007,
Jones foi até a Jamaica, e a dupla Kingman & Jonah adentrou o famoso
estúdio Tuff Gong. Com uma banda recheada com os melhores músicos jamaicanos, a
dupla gravou o álbum "Sign Time", que foi lançado em 2008. Ambos os
CDs foram muito bem recebidos pelo público e pela crítica, muitos dos quais
nunca haviam ouvido falar de Claudius Linton.
Após algum tempo colaborando a
distância, Linton viajou para os EUA no início de 2009 para fazer uma turnê ao
lado do parceiro Ian Jones. Porém, a turnê de Kingman & Jonah pelos EUA
teve vida curta. Após alguns shows, houve um desentendimento, e a dupla acabou
se desfazendo. Logo, Linton se viu novamente na rua, passando por sérias
dificuldades financeiras, e sem fazer shows e nem receber pelos CDs que vinham
sendo vendidos. Desde o final do ano passado, Claudius Linton vinha vagando
pelos EUA, às vezes dormindo em abrigos, e muitas vezes na rua. Após passar
pelas cidades de Baltimore e Utah, Linton foi parar em Los Angeles, onde morou
durante três meses na praia de Venice, tentando ganhar algum dinheiro tocando
na rua. No início deste ano, ele acabou indo parar no hospital, muito doente
por estar dormindo na rua.
Após ser
medicado, Linton foi enviado para uma casa de desabrigados em Long Beach, onde
conheceu o músico e voluntário Jeff Levine, que ficou surpreso por encontrar um
artista de tal calibre em situação de rua. Jeff ajudou Linton a conseguir
remédios de graça para a diabetes e para pressão alta, e também a conseguir
cordas novas para o seu violão. Linton vinha desde então lutando para voltar ao
mercado da música e para ter o que comer. Eventualmente ele retornava ao abrigo
onde conheceu Jeff para almoçar. Recentemente, o músico Tony Chin, da banda
Soul Syndicate, esteve em contato com Claudius Linton e ambos conversaram a
respeito de novas gravações. Mas infelizmente Linton não teve mais uma chance, Claudius
Linton infelismente veio a falecer, mas a sua música permanece viva, e nunca é
tarde para se homanegear e reconhecer o quanto um grande talento foi injustiçado.
Fontes: Contra Costa Times - www.contracostatimes.com Sun King Records - www.sunkingrecords.com Reggae Vibes - www.reggae-vibes.com |
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